A moda vem se transformando desde o início da humanidade e pode ser vista como uma forma de expressão, de identificação e pertencimento a uma comunidade. Desde os anos 1990, o mercado tem praticado o que seria denominado de sistema Fast Fashion, terminologia criada nos anos 2000 para caracterizar a produção de vestuário e artigos de moda de forma rápida, em grande escala e com grande margem de lucro.
O Fast Fashion possui lançamentos frequentes, que visam suprir rapidamente o mercado com um produto que represente a tendência de consumo. Porém, esse sistema rápido e ágil produz peças com características frágeis e supérfluas, as quais logo são descartadas para o lixo, causando diversos problemas ambientais.
Para se ter uma ideia, recentemente a revista Environmental Health (2018) realizou um estudo que revelou que aproximadamente 85% do vestuário que os norte-americanos consomem são enviados para aterros sanitários como resíduos sólidos. Segundo a professora do curso de Design de Moda do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), Valesca Sperb Lubnon, “devido à qualidade, muitas dessas peças são impossíveis de serem reutilizadas por conta do desgaste, fazendo com que o próprio consumidor opte por descartar no lixo”.
A linha de produção dessas roupas também gera poluição em todo o planeta, com a emissão de CO2 (dióxido de carbono) e até fluidos de tingimento e acabamento, incluindo corantes, metais pesados e fosfatos.
Por outro lado, surge em 2004 o Slow Fashion (moda lenta), que promove a consciência socioambiental, valoriza os recursos locais, contribui para a confiança entre produtores e consumidores, com a prática de preços reais que incorporam custos sociais, além de estimular criação socialmente responsável e manter sua produção entre pequena e média escala.
Nesse cenário, a Geração Z, composta por nascidos a partir de 1996 até o início do ano 2010, começa a repensar a moda feita para ser descartada. “Inserida em um mundo digital, a Geração Z é inquieta e se informa sobre o que consome. De acordo com a pesquisadora Georgia Castro, eles representam um perfil de consumidor diferenciado do modelo convencional. Por isso, priorizam marcas que tenham responsabilidade social”, afirma Valesca.
Apenas as empresas que conseguirem se adequar as novas tendências de comportamento de consumo conseguirão atravessar esse período de transição. Para a professora Valesca Sperb Lubnon, “assim como houve na primeira Revolução Industrial, quando saímos do artesanal e fomos para a produção em escala, agora estamos em um início de uma nova era, na qual voltamos nossa atenção à qualidade do produto, à valorização do profissional e do conhecimento”, conclui a docente do curso de Design de Moda do Unipê.
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